sábado, 1 de dezembro de 2012

Cogito Ergo Sum - David Eagleman

Que leitura tão interessante esta do livro de David Eagleman. Cogito Ergo Sum é, tal como está escrito no sub-titulo do livro, um conjunto de 40 contos acerca da vida depois da morte. Nestes contos Eagleman aborda as mais variadas possibilidades do que poderá ser e acontecer na vida depois da morte.
Quem iremos encontrar. O que iremos encontrar. Encontraremos toda a nossa família? Todos os nosso amigos? Apenas as pessoas mais chegadas? Apenas aqueles de quem nos lembramos? Todas estas possibilidades são expostas pelo autor que numa linguagem leve e requintada nos oferece a sua visão do que poderá ser de facto este fenómeno que poucos acreditam ser verdade (eu inclusive). Um elemento fundamental deste livro é a constante presença da figura de Deus nos enredos criados pelo leitor. Deus é quase como uma personagem principal comum a todos os contos que de certa forma, e tal como o faz para os munidos de fé, controla a humanidade mesmo após a sua morte. No entanto a figura de Deus assume muitas vezes um carácter que não estamos habituados a ver e que não lhe é habitualmente associado. Ele por vezes é Ela. Sim, não é a primeira vez que a figura de Deus é dissociada do tradicional homem de cabelo e barbas compridas e é tornado com uma figura feminina. É também referida a figura de um Deus "reformado". De um Deus assustado com a inteligência e a evolução das pessoas desde os tempos em que caminhávamos com mãos e pés tocando o solo mas que na actualidade deixámos de ser tão primitivos e passámos a ser intuitivos. Deus é um micróbio e Deus pode também ser Deuses. É verdade, aqui Deus é também representado como sendo duas pessoas, um casal portanto, ou até como sendo uma entidade de múltiplos indivíduos que nos criaram com mera intenção experimental. Quanto a nós, a nossa pessoa propriamente dita, somos também inseridos em contextos e ambientes muito distintos. Poderemos viver e para sempre ver apenas as pessoas de quem nos lembramos. Há a possibilidade de por exemplo nos termos esquecido do nosso melhor amigo de infância mas de nos lembrarmos do padeiro a quem comprámos pão no dia antes da nossa morte e é precisamente esse padeiro que lá vai estar no "afterlife". Podemos também vir a ser confrontados com aquilo que podíamos ter sido. Encontrar o nosso "eu" que se tornou médico por exemplo. O nosso "eu" que por uma ou outra razão teve mais sucesso que nós e de quem ao mesmo tempo temos orgulho por ser uma parte de nós mas inveja por esse nosso "eu" não ser o nosso verdadeiro "eu". 
Intrincados e divertidos enredos criados com uma linguagem irónica e cómica com alguns elementos científicos fazem deste livro algo sem qualquer outro termo de comparação. Dificilmente existirá um livro com a mesma premissa. Dificilmente existirá um livro deste género que deixe, mesmos os mais cépticos, a meditar sobre o assunto.
Em suma, um pequeno livro que vale sem dúvida alguma a leitura.

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