quarta-feira, 2 de maio de 2012

Estorvo - Chico Buarque

 O interesse inicial que este autor me suscitou provém da sua obra musical. Um dos mais famosos artistas da música popular brasileira, Chico Buarque transporta a musicalidade e sensibilidade das suas letras musicais para os livros que escreve e ao mesmo tempo o carácter revolucionário e agressivo que é característica presente em alguns dos seus temas. Este escritor brasileiro transporta para os seus romances a sua poesia musical. Ao ler os seus livros é fácil embarcar na história embora esta se revele complexa e deva ser lida com total atenção. Com uma linguagem fluída e bem estruturada, é preciso algum cuidado ou corremos o risco de ler os seus livros de um folgo. 
 Estorvo é o segundo livro que leio deste autor sendo o primeiro o seu já adaptado para o cinema, Budapeste. As diferenças entre os dois são notórias e é necessário ter em conta que Estorvo é o primeiro romance de Buarque, publicado em em 1991 e Budapeste é publicado em 2003 notando-se de certa forma algum amadurecimento na capacidade de escrita do autor. Este romance venceu o prémio Jabuti, considerado dos mais importantes prémios literários do brasil.
 Neste livro Buarque mostra-nos um homem sozinho. Perdido no coração da grande metrópole este sente-se deslocado numa sociedade que não é a sua e numa sociedade onde ele não encaixa. Rodeado por um ambiente de mero interesse monetário e futilidade ele sente-se só. Podemos ler a solidão humana nas palavras de Chico Buarque. Embrenhado numa família que há muito não é a sua, uma cidade que há muito não é sua, um mundo que ele sente não ser seu. Seguimos as suas histórias na precariedade emocional que á a sua vida.
 Estamos perante uma obra de um grande valor literário, mas talvez passível de não agradar a qualquer leitor.
 Fica a opinião, mais virão.

2 comentários:

  1. De Chico Buarque apenas li este que comentas e gostei. A história é estranha, mas gostei imenso da escrita.

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    1. Sim de certa forma parece que Chico Buarque atribui um certo carácter abstracto às suas obras e talvez seja por isso que por vezes possam parecer "estranhas". É no entanto, a meu ver, um autor que se aprende a gostar à medida que se lêem obras dele.

      Boas leituras =)

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