sábado, 28 de abril de 2012

O Ano da Morte de Ricardo Reis - José Saramago

 Não há necessidade de proceder a apresentações quando se trata de Saramago. Primeiro e único Prémio Nobel. Um dos maiores nomes da literatura não só Portuguesa mas Mundial. A par de Fernando Pessoa e Luís de Camões, Saramago é um marco no panorama literário Português. E falo intencionalmente no presente pois é injusto fazer referências a autores como este no passado. Os mestre não morrem. Nem tão pouco os génios. Até há bem pouco tempo os livros de Saramago intimidavam-me. Assustava-me principalmente o constante "sururu" relativamente à dificuldade e complexidade da sua escrita. Essa dificuldade existe, claro. Assim como uma enorme complexidade nos enredos criados. No entanto são apenas factores que me levam a saborear ainda mais os livros de Saramago. Estes têm um sabor que não encontro em mais nenhum autor. As palavras de Saramago embora cruas apresentam uma sensibilidade incrível. É isso que torna únicas as suas obras. Mesmo num país onde muitos não o compreendiam, todos o admiram. Não ser fã de Saramago dura apenas um parágrafo. Uma linha. Uma linha de palavras sábias conjugadas na perfeição criando verdadeiras obras primas. A arte de Saramago é inegável. 
 O Ano da Morte de Ricardo Reis foi publicado em 1984, dois anos depois da publicação de uma das suas obras primas, O Memorial do Convento. Esse simples facto colocou instantaneamente uma fasquia altissima aquando desta publicação devido ao grande protagonismo adquirido pelo Memorial do Convento. Saramago cumpriu as expectativas e mais uma obra magnífica havia sido publicada. Ricardo Reis, heterónimo de Fernando Pessoa, regressa do do Brasil voltando sem objectivos traçados. Alojado no Hotel Bragança, Ricardo Reis vive uma jornada onde se ambienta de novo à não tão pacata realidade Lisboeta. Marcenda e Lídia formam parte das dores de cabeça de Reis. Pimenta e Salvador, fiéis ou nem tanto, trabalhadores do hotel. Victor, polícia cujo hálito a cebola causa náuseas a Ricardo Reis. E claro, Fernando Pessoa. Espírito ou fantasma. Alma do outro mundo. Conversa como se vivo com Ricardo Reis. Falam da morte e de poesia não querendo atribuir eu, relações entre ambos.
 Esta fascinante obra suscitou em mim um interesse enorme aquando da sua leitura. Devo destacar alguns elementos que me fascinaram durante todo este livro. Desde o nome de uma das protagonistas, Marcenda, nome esse não identificado no dicionário do computador de onde vos escrevo.  O tempo que demora até esquecer um falecido. 9 meses é o tempo em que esquecemos quem morre. O mesmo tempo que demora até vermos alguém que nasce. Até à tristeza de não saber que 15 minutos antes de morrermos estávamos vivos. 
 Está é uma das melhores obras que já li de Saramago. Recomendo vivamente.


Sem comentários:

Enviar um comentário